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António Madeira e o Terroir do Dão: Um Retorno às Origens.

Foto do escritor: Cozinha da LíviaCozinha da Lívia

Atualizado: 10 de dez. de 2024

Explorando a Filosofia de António Madeira


Na última semana tive a oportunidade de participar de uma Masterclass de vinhos ministrada por António Madeira no Pigmeu da Ribeira, em Lisboa.


Este espaço descolado, localizado no coração da cidade, Time Out Market, combina a descontração de um wine bar com um ambiente educativo, recebendo provas e eventos todas as semanas.

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Prova - Vinhos Antônio Madeira Pigmeu da Ribeira

Por apenas 10 euros, o valor da prova se transforma em cashback para compras no local, tornando a experiência ainda mais atrativa, concorda?


Mais do que provar vinhos, eventos como esse são para mim uma oportunidade de aprender e estar em contato direto com quem produz. Entender o propósito de um produtor, suas escolhas e desafios dá uma nova dimensão ao que encontramos na taça. E, no caso de António Madeira, o propósito é tão marcante quanto os vinhos que ele elabora.


António Madeira: Uma História de Retorno às Origens


António Madeira nasceu em Paris, mas sua ligação com as raízes portuguesas o levou de volta ao Dão, onde encontrou seu verdadeiro propósito.


Em 2010, ele começou a explorar a região da Serra da Estrela em busca de vinhas velhas, muitas delas abandonadas. Sua missão? Preservar e celebrar o terroir único dessas vinhas centenárias, plantadas em solos graníticos, em altitudes privilegiadas e cultivadas de forma sustentável. Resultado? Produzir vinhos autênticos que reflitam a essência das vinhas velhas do Dão.


Hoje, António é conhecido por produzir vinhos que expressam a frescura, a mineralidade e a elegância típicas dessa região, que poucos conhecem, sempre com o mínimo de intervenção possível.


O caminho entretanto não foi fácil. Para viabilizar o negócio, António combina o cultivo de suas próprias vinhas com a compra de uvas de terceiros, sempre de viticultores que compartilham sua visão sobre a produção de vinhos sem adição de sulfitos. Esta estratégia permite que ele ofereça vinhos de entrada acessíveis, enquanto se dedica aos rótulos premium que traduzem sua verdadeira paixão e essência.


Na última década, António Madeira tornou-se um nome de destaque na região do Dão, em Portugal. Sua missão é elevar a região. Torná-la reconhecida pelo potencial que tem. Com uma abordagem profundamente enraizada na expressão do terroir, ele combina técnicas tradicionais com práticas modernas e sustentáveis.


Terroir é um termo francês que se refere à combinação única de fatores naturais e humanos que influenciam o cultivo de uvas em uma região específica. Esses fatores incluem o solo, o clima, a topografia, as práticas agrícolas e até mesmo as tradições locais. Juntos, eles conferem características únicas aos vinhos de um local, permitindo que reflitam a identidade de sua origem - exatamente o que é a filosofia de António.

O Desafio do Negócio do Vinho


Apesar de sua dedicação ao terroir, António enfrenta um desafio comum a muitos pequenos produtores: tornar o negócio viável enquanto mantém a qualidade e a autenticidade. Para isso, ele adota uma estratégia que equilibra seus princípios com a realidade econômica.


Além de cultivar uvas próprias nos seus 7 hectares (com uma equipe de apenas 6 pessoas, o que reflete a atenção artesanal dedicada a cada parcela), António compra uvas de terceiros para produzir vinhos de entrada.


Cada hectare, equivale ao tamanho de 10 campos de futebol. Imagine o trabalho que é para cada integrante, trabalhar, manejar e cuidar das uvas. É isso também que explica o investimento em uma garrafa de um pequeno produtor.

Os vinhos de entrada, mais acessíveis ao consumidor, geralmente no valor de 16 euros a 18 euros (branco e tinto), são essenciais para garantir a sustentabilidade financeira do projeto. No entanto, ele é criterioso na escolha de seus fornecedores, priorizando relações de confiança e o alinhamento com suas práticas de qualidade. Esses vinhos permitem que ele continue investindo na produção dos vinhos que realmente traduzem a sua visão: os de vinhas velhas, que são a sua essência .


Uvas Cultivadas vs. Uvas Compradas


A distinção entre uvas cultivadas e compradas foi o tópico central abordado por António em sua aula. Enquanto as uvas cultivadas oferecem total controle sobre práticas agrícolas, colheita e expressão do terroir, as uvas compradas exigem confiança nos produtores e habilidade na vinificação para preservar a qualidade e consistência.


António Madeira demonstrou que, embora a compra de uvas possa ser vista como uma prática comercial, ela também pode ser um meio estratégico para produtores artesanais. Ao criar vinhos de entrada, ele mantém seu negócio financeiramente sustentável, atraindo novos consumidores que, com o tempo, podem explorar a profundidade e complexidade de seus rótulos de vinhas velhas e decidir investir no que realmente faz o coração de António vibrar.


Insights e Aprendizados


  1. Flexibilidade e Visão de Negócio: Manter um equilíbrio entre a paixão pelo terroir e a necessidade de sustentabilidade econômica é essencial para pequenos produtores.

  2. Importância das Relações de Confiança: A escolha cuidadosa de fornecedores de uvas é fundamental para manter a integridade do produto final.

  3. Educação do Consumidor: Vinhos de entrada podem ser uma "porta de entrada" para educar consumidores sobre o potencial de uma região ou de vinhos mais premium.


Se você quer entender mais sobre as regiões de Portugal, conhecer pequenos produtores, mas também compreender as diferenças entre vinhos tradicionais e vinhos naturais, entre em contato e marque a sua aula personalizada e privada! 🍷

Por que a História de António Madeira Importa?


António não é apenas um produtor; ele é um defensor da herança vinícola do Dão. Ao reabilitar vinhas velhas e trabalhar com práticas mínimas de intervenção na adega, ele reforça a importância de preservar o terroir e respeitar a natureza. Essa é a sua filosofia e o propósito que guia cada garrafa que elabora.


Sua história é também uma inspiração para pequenos produtores que enfrentam desafios semelhantes, provando que paixão, estratégia e autenticidade podem coexistir. Como consumidores, educadores e profissionais do mercado vínico, temos um papel fundamental: compartilhar histórias como a de António.


É através desse reconhecimento que podemos incentivar mais pessoas a conhecerem o trabalho daqueles que colocam amor, energia e, acima de tudo, verdade no que fazem. Somente assim será possível que projetos como o dele continuem florescendo.


Oportunidade de Aprender e Degustar


Se você busca vinhos que contam histórias, mas que além disso, respeitam a terra onde nasceram, os rótulos de António Madeira são uma escolha obrigatória para a sua adega. Explore suas linhas de entrada e a seguir explore os vinhos de alta gama de vinhas velhas para entender a riqueza do terroir do Dão em diferentes níveis de complexidade.


Saia do convencional, pois muitas pessoas muitas vezes não gostam dos vinhos do Dão, justamente por provarem vinhos que são elaborados em produção em massa, perdendo a qualidade e principalmente a potencialidade e identidade que esse terroir pode proporcionar para o vinho.


Eu mesma tinha um certo pre-conceito com vinhos do Dão, feitaos com a Touriga nacional e as demais castas nativas, como Jean e Tinta Roriz. Pois muitas vezes, como o próprio António explicou na MasterClass, vinhos feitos com a touriga e ou esse blend, muitas vezes não trabalham o tanino da forma ideal e se tornam vinhos agressivos, mais duros de degustar, o que geralmente afasta o consumidor do terroir em particular.


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Se você mora em Lisboa, você encontra os vinhos de António Madeira no Pigmeu da Ribeira, na loja Adega D'arte, em muitos winebars de vinhos naturais como Prado Winebar, Black Sheep entre outros, além de garrafeiras como a Garrafeira Imperial e a garrafeira do mercado El Corte Inglês.


Aos meus leitores brasileiros, também tenho uma boa noticia para vocês: a importadora Cellar importa os vinhos de António Madeira para o Brasil! Minha sugestão é começar com os rótulos de entrada que já proporcionam muito sabor, complexidade e mineralidade. A seguir, aconselho investir nos vinhos de vinhas velhas. Esses que são mais complexos, estruturados e que com certeza pedem receitas à altura para harmonizar! Em breve, vocês verão aqui no site e nas demais mídias sociais da Cozinha da Livia.


Se você é ou representa uma marca de vinhos e ou importadora e acredita no conteúdo de co-criação de forma responsável e de qualidade, entre em contato por esse link para trabalhar em conjunto com a plataforma da Cozinha da Lívia.

Espero que tenham gostado do post e das informações trazidas neste conteúdo. E se tiverem dúvidas, não hesitem em escrever nos comentários! Procurem pelos vinhos de António e vos garantam que não irão se arrepender ;)


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